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O Dia na folia

Rio de Janeiro
Sábado, 21 de janeiro de 2006, 03h36  Atualizada às 17h25
Baiana de "cueca" vai desfilar por escola do Rio
 
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A União do Parque Curicica, agremiação do grupo B carioca que desfila na terça-feira de carnaval, virá com novidade entre suas damas: um baiano entre as tradicionais baianas. É o datilógrafo Sebastião Gonçalves, 46 anos - único homem a integrar a caráter a ala mais tradicional no carnaval da capital fluminense.

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A "participação especial" só se tornou possível graças à mudança no regulamento aprovada em plenária da Associação das Escolas de Samba - que organiza os desfiles dos grupos de acesso. Nos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial continua sendo proibida a participação de homens na ala das baianas.

O convite a Sebastião Gonçalves partiu da presidente da ala, Sandra Santos, animada com o enredo GLS com a bandeira da alegria, o babado da Curicica no Carnaval é só folia.

"O Sebastião será um dos destaques. Ele sempre falava com as outras 'meninas' que tinha a maior loucura de desfilar com a gente", revelou Sandra.

Casado e pai de uma menina de 5 anos, Sebastião garante que a decisão de desfilar na ala das baianas nada tem a ver com sua orientação sexual: "Nenhuma gracinha vai afetar minha masculinidade", afirma o folião, que conta com o apoio da mulher:

"Não vejo problema. Num bloco de Jacarepaguá, ele saía de porta-bandeira", confessou a dona-de-casa Geovanda Araújo, 29 anos.

Segundo Sebastião, a vontade de sair com as baianas vem desde criança, quando acompanhava os desfiles do Império Serrano ainda na Avenida Presidente Vargas. O componente desfila pela Curicica há cinco anos.

"Estou realizando um grande sonho. Sempre vestia minha mãe na avenida, mas nunca podia sair com ela", revelou. Dona Flora, 69, comemorou a atitude: "Faremos história. Mãe e filho de baianas desfilando juntos".

Homens na ala eram comuns há 70 anos
Em julho, 57 das 58 escolas filiadas à Associação aprovaram a entrada de homens entre as baianas - a Acadêmicos de Santa Cruz votou contra. Pesaram o fato de muitas senhoras estarem idosas demais para desfilar e o aumento de evangélicas entre as integrantes - o que tem motivado seu afastamento do carnaval.

Para a carnavalesca da Santa Cruz, Rosiele Nicolau, homens na ala é um erro. "Se há dificuldade para enchê-las, que diminuam o número de componentes. A presença deles constrange as senhoras. Sei que em muitas escolas houve reclamações", ponderou.

"Baianos" eram comuns nos anos 30 e 40, época em que a rivalidade entre escolas chegava às vias de fato. Fantasiados, protegiam as integrantes. Depois, a ala passou a abrigar as integrantes mais idosas. A polêmica voltou em 1987, quando a Unidos da Tijuca levou 30 homens de baiana. Um deles saiu de bigode e revelou a trupe, para ira da Liga das Escolas de Samba, que baniu os "cuecas" da ala no Grupo Especial.
 

O Dia

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