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O Dia na folia

Salvador
Sexta, 24 de fevereiro de 2006, 19h42 
Cordeiros garantem sustento no peito e no braço
 
Vagner Magalhães
Direto de Salvador
 
Reinaldo Marques/Terra
Antes de começar o trabalho é preciso desatar os nós
Antes de começar o trabalho é preciso desatar os nós
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Eles são responsáveis por garantir o bem estar daqueles que estão dispostos a pagar pelo menos uma centena de reais para brincar o Carnaval atrás do trio-elétrico de sua preferência. Fazem o trabalho por uma diária de cerca de R$ 15, um pacote de bolachas, uma garrafa de água, e suportam um trajeto que dura até quatro horas.

Esse é o trabalho feito por milhares de "cordeiros", que tem a missão de isolar os trios com cordas, o que explica o nome. Para dentro da corda, só quem comprou o abadá. Nem que seja na "porrada", como explicam os mais extrovertidos. O serviço é executado por homens e mulheres, sem distinção.

"Ali na corda é um trabalho bem duro. O mais difícil é agüentar os bêbados", diz Crisaelma Neris dos Santos, 32 anos, e que atua na função há cinco anos. "Mas fazer o que? A gente precisa do dinheiro". Ela conta que o momento mais complicado que enfrentou no Carnaval foi um chute que levou no estômago, de uma outra mulher, que estava fora das cordas.

"Ali, é preciso estar preparado para tudo. Mas não tem conversa. Bateu, levou", diz, sem esconder uma certa satisfação. "Estamos trabalhando e é preciso respeito", afirma.

Telma Alexandrina dos Santos, 52 anos, aumenta a renda familiar para sustentar seis filhos com o bico no Carnaval. Com uma das mãos visivelmente inchada pelo trabalho na noite anterior, ela diz que a necessidade não permite que ela esmoreça.

"Na verdade eu gostaria de ter um emprego fixo. Mas nesta época de Carnaval, muita gente se vira aqui com esse tipo de trabalho", afirma.

Regilene Costa de Almeida também trabalha nas cordas e diz que também consegue se divertir ao mesmo tempo. "O importante é estar no meio da multidão. Mas que a gente ganha pouco, ganha", queixa-se.

Antes de os trios saírem as ruas, eles podem ser vistos aos milhares, nas paralelas e transversais da avenida principal. Ali, recebem as bolachas, a água, o material de trabalho, a camiseta de identificação, uma luva, e um protetor auricular, normalmente dispensado. Em comum, a necessidade e a boa disposição. Para o que der e quem vier.
 

Redação Terra