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Obrigado a parar seu trio elétrico diversas vezes por causa de brigas no público, Carlinhos Brown não se conteve e chamou a atenção do ministro Gilberto Gil, que estava no camarote em frente, culpando as autoridades pelo descaso com a educação da Bahia.
"Tem que educar o povo o ano inteiro e não apenas sete dias por ano", disse o cantor para a multidão na noite de sábado, logo no início da saída de seu trio elétrico - chamado Camarote Andante -, no momento em que ele se aproximava do trio de Daniela Mercury, que estava adiante.
A cantora parou sua apresentação para criticar as pessoas que estavam brigando nas ruas e acabou juntando Brown no trio de trás e Gilberto Gil no camarote em frente. Os três cantaram algumas canções, e Daniela seguiu com seu trio. Brown, quando aproximou-se mais de Gil, continuou a criticar a violência.
Os dois trios eram praticamente os únicos do dia no circuito na orla Barra-Ondina a sair sem corda - ou seja, sem pessoas de camisetas do bloco protegidas pelos cordeiros, geralmente um público mais abastado que paga até R$ 500 para sair "protegido" nos trios mais famosos.
"Vocês, autoridades, têm de ver e resolver isso aqui, viu ministro", disse Brown, referindo-se às enormes rodas de briga que se abriam no meio da multidão. "Tem de filmar isso aqui e não ficar escondendo. Isso aqui é a verdadeira Bahia."
"Vocês, viu Gil, têm de ajudar a gente a não ser assim. Tem de acabar com esse apartheid escroto", continuou, fazendo menção também aos camarotes, onde estava Gil, no qual as pessoas pagam para ter um lugar privilegiado da festa, com comida e bebida à vontade.
"Todo mundo chega aqui em Salvador e dá uma de feliz. Depois acontece isso aqui (as brigas) e ninguém sabe o que fazer", disparou Brown.
Gilberto Gil, que estava com um microfone na mão na hora que os dois cantores cantaram junto com Daniela Mercury, não respondeu. Brown seguiu com seu trio, vestido de índio, com um cocar verde e amarelo. Depois, desceu do trio e dançou na rua com o público.
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