Ouça agora

 Fale conosco
Participe! Envie suas críticas e sugestões

 Sites relacionados
O Dia na folia

Escolas
Sexta, 6 de janeiro de 2006, 19h47 
Enredo do Viradouro é o mais rico, diz Dominguinhos
 
 Últimas de Escolas
» Carnavalesco da Beija-Flor critica colega da Tijuca
» Anão representa salário mínimo na Renascer
» Carol Castro marca presença em ensaio da Salgueiro
» Glória Perez é homenageada em quadra da Vila Isabel
Busca
Busque outras notícias no Terra:
Ele carrega "Estácio" no nome, mas ninguém duvida da enorme identificação dele com a Unidos do Viradouro. Nos 10 anos em que está na escola, Dominguinhos do Estácio participou de nove desfiles e voltou oito vezes no Sábado das Campeãs.

Leia mais notícias de Carnaval
Ouça agora os sambas-enredos do Carnaval 2006 do Rio

Nesse período, o intérprete embalou enredos inesquescíveis como "Trevas! Luz! A Explosão do Universo" - que garantiu o campeonato de 1997 à agremiação de Niterói -, "Orfeu, o Negro do Carnaval" (1998) e "Os Sete Pecados Capitais" (2001). Dominguinhos conversou com O Dia na Folia na Cidade do Samba.

Como começou a sua história no Carnaval?

Eu vim de bloco de carnaval. Fui do Cacique de Ramos, do Coqueluche do carnaval. Comecei como compositor no Bafo de Onça, Estácio. Quando vi, já era cantor. Não sei nem como aconteceu. Mas sempre fui folião. Com 9 anos, minha mãe me levava nos blocos. Fui criado no morro de São Carlos.

Você sente falta do carnaval de rua?

Meu sonho era que o carnaval de rua voltasse. Acredito que é possível, apesar da violência. Acho que precisa ter uma entidade que dirija isso de forma séria, seguindo o exemplo da Liesa no Grupo Especial.

Algum puxador te influenciou no início da carreira?

Nenhum puxador me influenciou. Mas o sambista Roberto Silva, conhecido como o príncipe do samba, me influenciou muito. Ele fez muito sucesso na minha infância.

Muita gente critica os sambas de hoje em dia. Alguns se arriscam a dizer que não se fazem mais sambas como antigamente. Qual a sua opinião?

Não é porque os sambas aceleraram e diminuíram de tamanho que eles estão piores. É uma evolução contar uma história em 28, 30 linhas. Não adianta fazer samba bonito, mas longo, cansativo e chato. Tem que ter criatividade para explicar um setor inteiro em apenas 2 linhas. Nesse aspecto, prefiro os sambas de hoje em dia. A gente tem que se adeqüar à evolução do Carnaval. Hoje é tudo organizado. Tem tempo cronometrado. Eu já peguei desfile que acabou às 16h do dia seguinte.

Você já participou de quantos carnavais?

De todos, entre 1971 e 2005. Só fiquei de fora em 1983, por motivos de saudade. Para quem vive o Carnaval é muito difícil ficar de fora.

E como você faz para se preparar para o desfile?

A primeira preocupação é memorizar o samba. Ele tem que ficar mecanicamente na sua cabeça. Você tem que cantar o samba por 1h30 e não pode tropeçar na letra. Espero o samba ser escolhido e aí me entrego só a ele. A melhor forma de memorizar é cantando. Porque só assim você vivencia o samba. Depois, é preciso escolher o tom da música. É importante escolher um tom confortável tanto para mim, quanto para o público. Mas é preciso ter cuidado. Se subir demais o tom, pode ficar cansativo para mim e para o público. Se ficar um tom baixo demais, o samba perde o brilho, a alegria. Subi em um tom o samba desse ano e aí está o sucesso, com a comunidade cantando. Essa mudança no tom deu mais brilho ao samba.

E qual a sua opinião sobre o enredo "Arquitetando Folias", que a Viradouro vai levar para a Avenida em 2006?

Pelo que pude ver na sinopse, este é um dos enredos mais ricos de que eu já participei. E olha que eu já participei de muitos. No princípio, achei muito complicado contar duas histórias: a da arquitetura e a da folia. Mas percebi que a arquitetura é algo parado e a folia é movimento. Foi uma boa solução unir as duas coisas. Facilitou para contar a história.

E o que você acha do samba-enredo que foi escolhido?

Legal. O samba vai dar sustentação na Avenida. Ele teve uma repercussão muito boa na comunidade.

Desde o ano passado, você participa da disputa de samba na parceria do Gusttavo do Clarão. Ele venceu sete disputas consecutivas na escola e perdeu este ano. Você acha que, depois de tanto tempo, a comunidade vai aceitar bem um samba com estilo diferente?

Os sambas do Gusttavo seriam um tipo de identidade que a Viradouro criou e que vinha dando certo. Mas acho que o samba já está sendo muito bem recebido pela comunidade. Foi ela quem escolheu o samba.

A Viradouro sofreu uma grande perda em 2005. A morte do presidente da escola, José Carlos Monassa, prejudicou os preparativos para o Carnaval 2006?

A Viradouro não sofreu uma metamorfose tão grande porque o novo presidente, Marcos Lira, é uma continuidade da gestão do Monassa.

Como foi a sua ida para a Viradouro?

Foi o Monassa quem me levou para a escola há 10 anos, em 1996. Em 1997, foi o primeiro desfile pela Viradouro. Depois de algum tempo de samba, virei um profissional como outro qualquer. Fui para a Viradouro como profissional e aprendi a gostar da escola.

Você sempre teve uma ligação muito grande com a Estácio de Sá. Como foi ir para a Viradouro?

Olha, gostei tanto da Viradouro, que hoje sou morador de Niterói. Monassa foi quem me deu a idéia. Pena que ele não está mais aqui pra gente curtir junto. O carinho da escola e a convivência me estimularam a isso. Lá tem bons colégios e menos trânsito. É uma das cidades mais calmas do Brasil. Niterói é mais light, uma província maravilhosa.

Como você avalia o desfile da escola em 2005? A Viradouro vinha bem até que quebrou a alegoria. O jurado está lá para tirar ponto. Acho que os jurados avaliaram bem. Ninguém está livre de uma quebra. A escola vinha pra disputar título. E tinha um grande samba.
 

O Dia

© Copyright Editora O Dia S.A. - Para reprodução deste conteúdo, contate a Agência O Dia.