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O Dia na folia

Rio de Janeiro
Quarta, 22 de fevereiro de 2006, 08h12 
Rocinha estréia no grupo especial em grande estilo
 
Mariana Filgueiras
 
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Apesar da guerra que tomou conta da Rocinha na última semana, os moradores buscam forças para não perder a alegria durante o carnaval. A poucos dias da festa de momo, a Acadêmicos da Rocinha se prepara para desfilar domingo, em grande estilo, entre as 14 escolas do grupo especial, depois de oito anos no Grupo de Acesso. O enredo traz a mensagem: Felicidade não tem preço, que explora a relação conflituosa do homem com o dinheiro.

» Veja a ficha técnica da Rocinha

"Felicidade não tem preço, mas tem o valor do trabalho. E todo mundo vem trabalhando na linha aqui na escola, dia e noite, por esta conquista. A Rocinha vai mostrar na avenida que dinheiro não traz felicidade", garante um dos fundadores da escola e diretor de ala, Jorge Mamão.

Com o empresário Maurício Mattos na presidência da escola, a máxima ganha sentido contrário - se não traz felicidade, na escola o dinheiro traz, pelo menos, expectativa. Para o desfile deste ano, não houve economia: as alegorias estão grandiosas e abusam de efeitos especiais. Os carros fazem referência às heranças deixados pelos mortos, aos jogos de azar, e o último a passar pela Sapucaí lembra o mensalão. As fantasias abusam de dourados, prateados e verde, uma alusão às cores da fortuna. Detalhes como níqueis, baús, roletas, cartelas - todo imaginário que cerca o dinheiro - estão presentes.

Entre as surpresas para conquistar o público, os integrantes deixam escapar uma das principais. A apresentadora Hebe Camargo virá na Ala das Baianas, misturada entre as mulheres da comunidade. A idéia era que ela passasse despercebida, mas o tititi em torno do nome fez com que moradores da comunidade descobrissem o segredo. Hebe vai representar o luxo, o brilho, o glamour.

"Queríamos trazer o Silvio Santos, o homem que representa ascensão e riqueza, mas não deu certo", lamenta Mamão.

A representação da dualidade pobreza e riqueza vai aparecer na avenida de várias maneiras: além dos integrantes da comunidade, foliões de outros bairros da cidade - principalmente da Zona Sul - atravessam o túnel para representar o enredo. Turistas estão vetados: a direção da escola decidiu não correr o risco de ver integrantes sem cantar o samba.

A jornalista Fabiane Braga, 32 anos, sai do Leblon todos os sábados para o ensaio na quadra da escola. De tanto cantar o samba, decorou. Juntou-se a uma amiga, do mesmo bairro, e decidiu comprar uma fantasia da Ala da Alegria, um bate-bolas em coral, preto e amarelo.

"Adoro a Rocinha. Parece que quanto mais sofre, mais força para o carnaval a comunidade arruma", declara, ao experimentar a alegoria na quadra.

E cantarola o samba:

"Rocinha encanta e mostra a verdade, dinheiro não compra a felicidade."
 

Jornal do Brasil